Thursday, July 14, 2005
Aqui e agora...
Uma das sensações mais ingratas e dolorosas é a perda .Seja de alguém, da esperança, duma ideia, o que for, até mesmo da chave da vossa casa.
Sentir que já não é nosso, que está suspenso no ar, vazio, à mercê de tudo e todos, em suma, não nos pertence.
Pode passar a ser de alguém, de ninguém, mas já não é teu!
Dói, corrói, mói….
Poderei falar-vos do quanto é difícil perder alguém. Não por negligência, mau feitio, descuido, desatenção, nem mesmo pela senhora da foice enferrujada.
Mas sim, alguém que se vai embora e bate com a porta do vosso coração, bate com a mesma intensidade com que fecha umas portadas escancaradas por uma corrente de ar, das fortes!
Bate com a porta, esfrega os pés no vosso tapete e ainda pede para ser acompanhado.
Como é que se escolta alguém que vai desaparecer da nossa vida? Como lhe podemos dar o braço se queremos que fique?
Tshhh, é preciso ser descarado, não acham? Ou tem muita lata ou já se lhe acabou o Amor.
Mas, quando se acaba o Amor, aquilo que sentimos não chega para os dois? Não podemos dizer que está tudo bem?
Fingir que não somos possessivos, que as crises são normais, que a paixão arrefece…Faze-lo acreditar que a chama dele, agora feita em cinzas, é sintomática do stress, que é culpa dos outros, NUNCA nossa!
Mas não é! É claro que não é!
A nossa labareda, aquela que nos fazia vibrar, estremecer ao mínimo toque, olhar, cheiro, pensamento até..A nossa labareda, que agora é só minha, vejo-a arder. Não ficou cinzenta.
Tento convencer-me que volta, que reconsidera, que ainda me quer. Mas a ampulheta não pára, os grãos de areia juntam-se e nem uma notícia, nem uma saudade, nem uma procura.
Mesmo assim desculpo, invento, justifico-me para não encarar o que está diante dos meus olhos. Armo birra e jogo à cabra-cega, ato o lenço à volta dos olhos.
Até ao dia em que o nó se desfaz, descubro o que me rodeia e encontro-me. Preparo-me e pulo, salto da cúpula e vejo o que me espera.
Eu….
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